"A Fé é um salto do escuro para os braços de Deus. Quem não salta, não vê a Deus, não é abraçado, fica apenas no escuro." (Desconhecido)

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

O Bastão Prioral

O bastão prioral (primacial - primaz) ou cantoral, deriva do bordão, o antigo bastão usado pelos peregrinos e é considerado o símbolo do tutor, do mestre; é sinal, portanto, da autoridade, legítima confiança ao chefe eleito. Do bastão deriva, em conseqüência, o cetro portado pelo rei, o bastão de marechal portado pelos condutores e o bastão pastoral portado pelos bispos.
O bastão prioral ou cantoral era de prata ou de madeira revestido de prata e terminava, geralmente, com um esfera, ou com a reprodução de uma Igreja ou de outra figura alegórica e constituía o emblema dos vigários forâneos, dos capitães canônicos e dos colegiados, dos arceprestes e dos primazes de ordem religiosas.
Vinha usado, portanto, pelo maestro do coro ou primeiros cantores; neste caso se chamava bastão cantoral e terminava com a extremidade em forma de clava. O bastão servia para dar diretrizes durante as solenes celebrações litúrgicas no curso do canto oral.
Heraldicamente, o bastão prioral ou cantoral vinha colocado atrás do escudo, num mastro, em sinal honorífico.

O Báculo ou Pastoral

O báculo pastoral, como já recordado pela mitra, é emblema da dignidade pontifícia. O báculo pastoral, originalmente, se compunha por uma haste de madeira ou de ferro, fixada numa cruz; no século XI o bastão vem munido de um caracol (anelado dobrado), ocasião em que se começaram a usar metais preciosos, de prata e ouro, adornando-o com pedras preciosa e esmaltes. Originalmente, o báculo pastoral servia como bastão para as evangelizações, enviadas pela Igreja; no século V se encontra em uso por alguns abades e Santo Isidoro de Sevilha, em 633, em um decreto do IV Sinodo Toledano, o descreve como emblema da jurisdição dos bispos.
Interessante é observar que os Sumos Pontífices não portam o báculo pastoral como insígnia papal: o motivo refere-se a uma lei do século X, reportada por São Tomás de Aquino, segundo a qual o bispo de Roma não tem o báculo pastoral porque Pedro enviou o seu para ressucitar um dos seus discípulos. Isto para significar que o seu poder não tem confinamento, já que o anelado dobrado significa uma limitação dos poderes.
Recordemos, por outro lado, que os cardeais, também, quando não eram consagrados bispos, tinham o uso legítimo do báculo pastoral e da mitra; o mesmo privilégio é reconhecido aos abades e aos prelados “nullius” do art. 325 do Código de Direito Canônico de 1917 e os outros abades que tinham recebido a benção abade, por seu turno, no art. 625 do mesmo Código.
O báculo pastoral em uso dos bispos, segundo as antigas normas do Cerimonial deles, deveria ser dourado, enquanto aquele dos abades prateados e munido do “sudário”, pequeno vestido de seda branca que se pendurava no nó, colocado sobre o anelado, para não consentir à mão esquerda a impugnação diretamente do pastoral, enquanto os abades não tinham o direito de usar as luvas, autorizadas, por outro lado, apenas aos bispos.
Báculo do século XVIII (finais). Tesouro da Catedral de Beja.
Goffredo di Crollalanza (Enciclopedia araldico-cavalleresca - Prontuario nobiliare, Pisa 1878.), afirma que na heráldica o báculo pastoral é posto acima do escudo dos diversos eclesiásticos descritos da seguinte forma:
Abades seculares: com o báculo pastoral do lado de dentro;
Abades regulares: com o báculo pastoral à esquerda, lado de dentro para demonstrar que não tem jurisdição espiritual fora dos quiosques deles;
Abades comendatários: com o báculo pastoral à esquerda do lado de dentro;
Bispos: com o báculo pastoral à esquerda do lado de fora;
Arcebispos: com o báculo pastoral à esquerda do lado de fora.
O Regulamento técnico heráldico da Consulta do Reino da Itália, aprovado com R. D. n. 234 de 13 de abril de 1905, no art. 68 determina que os Eclesiásticos podem usar o emblema tradicional da dignidade deles; segue uma nota explicativa de Antonio Manno, comissário do rei para a Consulta, que recorda a posição do báculo pastoral indica a jurisdição e olha para fora para os prelados seculares, enquanto é voltado internamente para os regulares.
O Báculo Oriental é diverso do ocidental: não é curvado em caracol na extremidade superior, mas termina com duas serpentes que se afrontam (alusão à prudência com que o pastor deve guiar o seu rebanho) e no meio delas é posto uma cruz, mas não sempre.
Piero Guelfi Camajani (Dizionario araldico, Milano 1940.) falando do pastoral, afirma que se põe o escudo na haste ou acoplado dentro. Quando o báculo pastoral é posto dentro do escudo indica dignidade eclesiástica, se é posto na haste acoplado dentro do escudo, por outro lado, o grau da figura dos prelados. E continua observando que o bispo porta o báculo pastoral de outro acoplado na haste esquerda do escudo. O arcebispo, a cruz dupla ou patriarcal dita também de Lorena, folheada a ouro na haste dentro do escudo. O cardeal, a cruz latina folheada a ouro na parte de cima, o papa, a cruz tripla. O abade secular, o abade regular e a abadessa portam o báculo pastoral de prata acoplado na haste direta do escudo; o Prior e a Priora, finalmente, o bastão similar ao bordão na haste dentro do escudo.
A Enciclopédia Católica, descrevendo o báculo pastoral, anota que é de ouro para a Ordem dos Bispos, posto à esquerda da cruz e do lado de fora, de prata na mesma posição para os abades em geral e abades “nullius” diocesanos; lado interno para os abades que tinham jurisdição no próprio monastério; inclinado à esquerda para os outros.
O báculo pastoral, segundo alguns autores, é o símbolo da Fé, de quem o Bispo é interprete; a forma, terminante a anelado aberto, simbolizava a potência celeste aberta sobre a terra, a comunicação dos bens divinos e o poder de criar e recriar os exercícios; por outros, a curvatura do lado do povo é o símbolo da cura pastoral; até a direita, o símbolo da guia e da administração parada e na ponta inferior do estímulo e da correção ou , ainda, a haste direita para reger e governar com retidão o rebanho; colocada encima por trazer para si as ovelhinhas que se afastam, colocado na ponta para manejar os lobos, ou seja, os inimigos da Igreja. No antigo “Pontifical Romano” o profundo simbolismo do báculo pastoral vem, de fato, assim expresso: convocando o pobre que peregrina pelo mundo, com resguardo do anelado dobrado; dá vida ao pecador, resguardada a haste ou bastão; diligencia o lento, o preguiçoso e o negligente, resguardando a ponta inferior. É, por conseqüência, símbolo de uma autoridade de origem divina.

Chaves Petrinas

    
As chaves petrinas representam a plena autoridade do Sumo Pontífice de administrar os tesouros da Redenção, merecidamente por Nosso Senhor Jesus Cristo, e de ensinar a sua doutrina com autoridade, em memória do poder sobrenatural de unir e desligar, conferido a Pedro e aos sucessores por Jesus Cristo.
As chaves, na Heráldica Eclesiástica, apoiado no século XIII, posto em haste vestida, com os emblemas no alto, à direita e à esquerda. Do século XIV, figuram, por outro lado, sobre o escudo e no tempo imputado.
Na simbologia heráldica a primeira chave, à direita, de ouro, fazendo referencia ao poder que se estende ao reino dos céus; a segunda, à esquerda, de prata, simbolizava, por outro lado, a autoridade espiritual do papado sobre a terra. Beatiano afirma que as duas chaves, sendo uma de ouro e outra de prata com os mantos azuis, denotam a autoridade dada por Cristo a São Pedro e Seus Sucessores.
Nos emblemas, quase sempre, figuram perfurações em forma de cruz, para simbolizar que o papa detém o poder de legislar e escolher, em virtude da morte de Jesus Cristo, sendo, portanto, voltados para o céu, enquanto as impugnações em baixo, nas mãos do vigário de Jesus Cristo. O cordão com as borlas nas mãos do Vigário de Jesus Cristo que chegam à impugnação das chaves alude, por outro lado, ao elo entre os dois poderes. A cor do cordão foi geralmente representado em azul, mas durante os tempos evoluiu para as representações atuais em vermelho ou dourado.
Brasão da Santa Sé com as chaves e a tiara. Por Bruno Bernard Heim.
Acredita-se que o primeiro papa que colocou as chaves no próprio escudo gentilício tenha sido Bonifácio VIII (1294-1303). Com a morte de um Papa, sobre o caixão se punha apenas a tiara, enquanto as chaves heráldicas pontifícias, durante a sede vacante, passavam as milícias do cardeal camerlengo, que as punha sobre o escudo, juntamente com o ombrellino, em cima do brasão. De fato, exceto na eleição do novo pontífice é o cardeal camerlengo que deve administrar a Igreja.
Mas as chaves não figuram apenas no emblema dos Pontífices Máximos e dos cardeais camerlengos, durante a sede vacante, mas também, como evidenciado, juntamente com a tiara, nas milícias da Santa Sé e dos vários institutos e mistérios vaticanos, das nunciaturas e delegações apostólicas. As chaves são presentes, por outro lado, nos emblemas próprios das basílicas pontifícias, juntamente com o ombrellino, chamado comumente “basílica”.

A Tiara Papal

A tiara (reino triplo ou triregnum) é o mais célebre dentre os adornos externos eclesiásticos, símbolo principal do papado. Chapéu extra-litúrgico em uso (pela última vez no pontificado de Paulo VI), apenas nas grandes solenidades e um tempo nas procissões, representa a dignidade do Sumo Pontífice na sua vestimenta dupla de chefe supremo da Igreja e de soberano do Estado pontifício, enquanto as chaves simbolizam a jurisdição. Por tal motivo, na morte de um Papa se representava o instrumento da Igreja apenas com a tiara, sem as chaves. Há uma origem comum da mitra, semelhante ao chapéu frigio, usado na corte persa, transformada depois no célebre objeto do imperador de Bizancio. Parece ser usada desde o tempo do papa Constantino (708-715) como sinal de poder temporal. Os primeiros assumiam a forma de um cone alto e acuminado, confeccionado com tecido branco e com uma faixa dourada que circulava a bainha inferior. Este chapéu não se deve confundir com camelauco que se transformou depois em mitra litúrgica. Chegando ao século X, a faixa dourada da tiara vira uma coroa, que no século XIII sustentou uns denticulados na ponta, chamada “regnun”.
Com Bonifácio VIII (1294-1303) a tiara mudou sua forma e veio acrescida de uma segunda coroa, quando com a “Unan sanctam” o Sumo Pontífice declarou a sua soberania sobre o mundo; o mesmo Papa, depois, parece ter sido o primeiro a timbrar o próprio escudo de famílias nobres com a tiara, enquanto pelos outros autores a tiara começa a timbrar o escudo papal apenas com João XXII (1316-1334).
A coroa dupla assume, assim, o mesmo significado da autoridade pontifícia e imperial em analogia à coroa dupla do imperador que carregava sobre a mitra clerical o “diadema imperial”. Inocêncio III (1198-1216) indica, por outro lado, a mitra “pró-sacerdotal”, enquanto a tiara “pró-reino”.
A terceira coroa vem acrescida, segundo alguns autores, durante o pontificado de Bento XI (1303- 1304), para outros no de Clemente V (1305-1314), ou ainda, para outros tantos, em 1334, com Bento XII, para demonstrar que o papa representava as três Igrejas triunfante, militante e purificadora, ou mesmo o domínio sobre as regiões do Céu, da terra e do Inferno, ou ainda a tríplice soberania do chefe da Igreja, consistente na soberania espiritual sobre as almas; regalias temporárias sobre Estados romanos; soberania eminente sobre todos os soberanos da terra e a quem se denomina “triregnun”.
As duas ínfulas foram acrescentadas no século XIII, sendo que apenas no início do século XVI foram acrescentados o globo a cruzeta, como se pode ver na tiara de Júlio II. A primeira tiara de metal, surgida no período gótico, causou vicissitudes, em razão do poder temporal que ela representava. Levada para Avinhão, foi reconduzida a Roma, por Gregório XI e, novamente, transferida a Avinhão, por Clemente VII. Passou depois à Espanha, com o antipapa Bento XIII, antes de ser retomada por Martinho V, em 1429, desaparecendo em 1485, quando foi roubada (E. Müntz, La Tiare pontificale du VIIIe au XVIe s. - Mém. de l'Acad. des Inscriptions, 1897).
Durante a época da Revolução e da guerras da Itália, os soldados franceses pilharam muitas tiaras, das quais se perderam os rastros. Restaram entretanto as mais belas: a de Júlio II e de Paulo III.
As tiaras mais antigas foram destruídas, particularmente, a de Júlio II desenhada por Ambrósio Foppa ao custo de duzentos mil ducados, um terço das arrecadações anuais dos Estados Pontifícios, na época em que um pároco recebia vinte e cinco ducados ao ano; e a de São Silvestre Algumas tiaras antigas foram desmanchadas pelos papas outras saqueadas por invasores militares. O Papa Clemente VII mandou fundir todas as tiaras e jóias do papado, em 1527, para reunir os quatrocentos mil ducados pedidos em resgate pelo exército invasor do Imperador Carlos V. O saque realizado pelo exército de Louis Alexandre Berthier, em 1798, subtraiu inúmeras tiaras ao patrimônio dos papas. Demonstrando que a importância da tiara emas pelo que ela representa do que pelo seu valor material, quando Roma estava nas mãos dos franceses, o Papa Pio VII exilado em Veneza, foi coroado a 21 de março de 1800, com uma tiara de papel maché, feita pelas damas da cidade. Em decorrência do Tratado de Tolentino, o Papa Pio VI as entrega em pagamento, conservando apenas a de “papel maché”. Muitas tiaras foram oferecidas aos papas por líderes mundiais e Chefes de Estado, com a rainha Isabel II de Espanha, o kaiser Guilherme II da Alemanha, e o Imperador Francisco José I da Áustria.
Após a concordata, Napoleão oferece uma tiara suntuosa a Pio VII, a chamada “Tiara Napoleônica”, feita com peças das tiaras papais anteriormente pilhadas.
A última tiara usada numa coroação foi a de PauloVI, que era muito mais cônica que as anteriores, sem jóias e gemas preciosas, e que, seguindo a tradição, foi ofertada ao pontífice eleito pelos fiéis da sua cidade de origem, no caso Milão.
Vinte e duas tiaras papais chegaram aos dias atuais e maioria delas estão em exposição no Vaticano. As mais apreciadas são: a chamada “Tiara Belga” de 1871, a de 1877 e a de 1903.
Numerosos estudiosos, durante séculos, se satisfizeram interpretando a razão das três coroas postas na tiara. Listemos, em seguida, diversas interpretações. Para alguns, as três coroas da tiara figuram como analogia às três coroas do Imperador: alemã de Aquisgrana, lombarda de Milão – Monza, romana de Roma. Para outros o papa porta as três coroas como o prefeito da Itália, Ilíria e África. Outros asseguram que simboliza o Patriarca, Pretor e Prefeito, ou para representar as três línguas hebraica, grega e latina; ou ainda, para simbolizar a superioridade do Papa sobre todos os soberanos, ou porque se chamando “Servo dos Servos” a quem se deve maior honra. 
Diz-se que a tiara representa o Sacerdote Máximo, o Rei e o Legislador Universal, a autoridade pontifícia sobre três partes antigas do mundo, a Ásia, a Europa e a África, colonizada pelos descendentes dos filhos de Noé, Sem Jafet e Cam ou ainda que a coroa posta no cume da tiara representaria a soberania pontifícia de seus arcebispos, que tinham direito a uma mitra com dois arcos, e seus bispos, cuja mitra portava apenas um.
A cerimonial de coroação papal, trato do “Pontificado romano” de 1596, previa, por outro lado, que o cardeal primeiro diácono, na imposição da tiara sobre a cabeça do Sumo Pontífice, lhe recordasse que a recebia porque o Pai dos Príncipes e dos Reis, Reitores do mundo, Vigário do Salvador Nosso Jesus Cristo na terra. Para outros a tríplice coroa simbolizaria o tríplice ministério papal de sacerdote, de pastores e de mestre da Fé.
Uma outra interpretação afirma que as três coroas da tiara corresponderiam aos três principais atributos da Santíssima Trindade, ou seja, a Potência do Pai, a Sabedoria do Filho e o Amor do Espírito Santo, enquanto outros viam de longe os símbolos das três virtudes teológicas, que devem coexistir em grau heróico próximo ao do Santo Padre, que vive normalmente em um estado de santidade: a Fé, a Esperança e a Caridade.
Para outros, ainda, o “triplo reino” recordaria as três coroas doadas ao Pontífice de Costantino, Clodovio e Carlos Magno ou, ainda, o símbolo da tríplice autoridade doutrinária, sacramental e pastoral; para outros, finalmente, o símbolo da potência da Igreja que, como aquela de Cristo seu fundador, se estende além da vida e conseqüentemente sobre as coisas terrenas, infernais e celestiais.
Para completar essa exposição observamos, além disso, que na antiga configuração da Santíssima Trindade apenas Deus Pai vem representado com uma tiara, mas com cinco coroas.
----- Os autores dão vários significados para as três coroas. Sendo que todos se referem a um triplo poder.
O significado das três coroas evoluiu no decorrer da história. Tradicionalmente, o triplo poder (militar, civil e religioso) era igualmente exprimido por três títulos:
------ Pai de reis

------ Regente do Mundo

------ Vigário de Cristo

A maioria dos autores assim explicam:

------ A primeira coroa é símbolo do poder da Ordem Sagrada, pelo que o Papa é Vigário de Cristo sucessor de São Pedro , nomeando os bispos e sendo, por excelência, o grande Pai da Cristandade.

------ A segunda coroa representa o poder da Jurisdição, em virtude do poder das chaves, ou seja, o de ligar e desligar na terra e no céu.

------ A terceira coroa representa o poder do Magistério, em virtude da infalibilidade papal.

Outros autores dizem que as três coroas expressam as três fases da Igreja: militante (na terra), padecente (no purgatório) e triunfante (no céu).

Outra explicação fala das três funções do papa:

------ Sacerdote: (bispo de Roma)

------ Rei: Chefe de Estado soberano

------ Mestre : árbitro e detentor do magistério supremo, dotado de infalibilidade.
Ainda temos que o Papa é para os cristãos:

------ Sacerdote soberano

------ Grande juiz

------ Legislador

E por fim, outros dividem as coroas pelos poderes:

------ Temporal: Chefe de Estado soberano

------ Espiritual: Chefe da Igreja

------ Moral: superioridade em relação aos outros poderes do mundo -----

O Papa, cujo nome, segundo Beatiano (L'Araldo veneto overo universale armerista, Venezia MDCLXXX), seria a abreviação de “Pater Patrum”, recebia a tiara das mãos do cardeal primeiro diácono, como antigamente, fora da Basílica Vaticana, no dia da sua solene coroação, depois de celebrada a Missa solene, diante do povo. Portava-a depois na solene cavalgada com a qual se mantinha a Heráldica Lateranense, tempo no qual estabeleceu ordinária demora no Palácio Vaticano.
Seu uso sempre foi extra-litúrgico, sendo utilizada na cerimônia de coroação papal e quando o Sumo Pontífice se dirigia e retornava das funções solenes, como por exemplo nas procissões. Era também colocada sobre o lado direito do altar (lado das leituras), nas missas solenes.
Quando usada nas procissões solenes, e quando o Papa era transportado na sede gestatória. Além disso, a tiara era usada nos atos jurídicos solenes, como por exemplo as falas ex cathedra , no uso da infalibilidade papal; e também na tradicional bênção Urbi et Orbi, no Natal e na Páscoa, cerimônias que prescreviam o seu uso.
Desde Clemente V até Paulo VI todos os papas foram corados com a tiara e a usaram como símbolo da sua autoridade, em ocasiões cerimoniais. Os papas não eram limitados a usar somente a sua tiara, sendo que poderiam livremente, usar outras antigas, de seus predecessores, desde que lhes adaptassem o tamanho.
O Papa Paulo VI, doou a sua tiara, que recebera dos fiéis de Milão, para socorro dos pobres da África. Esta tiara foi então adquirida pelos católicos dos Estados Unidos, através do cardeal Francis Joseph Spellman, arcebispo de Nova York, sendo o dinheiro arrecadado destinado às missões africanas. Esta tiara do Paulo VI, desde de 6 de fevereiro de 1968, está exposta na sala dos ”ex votos”, na Basílica da Imaculada Conceição, em Washington, juntamente com uma estola de João XXIII. É a eleição pelo Conclave e a aceitação do eleito que confere, ipso facto, a plena jurisdição do papa. A coroação ou a entronização com o juramento de fidelidade, apenas, marcam o início do ministério petrino, tendo valor apenas simbólico e não jurídico. Os Papa João Paulo I não quis ser coroado com a tiara, iniciando seu pontificado com a cerimônia de entronização e juramento de fidelidade. O Papa João Paulo II fez o mesmo. Alguns veículos de comunicação relataram que este papa teria recebido uma tiara dos católicos húngaros, mas que nunca a usou. Mas a cerimônia de coroação não foi oficialmente abolida, ficando a cargo do eleito escolher como quer iniciar seu pontificado. Contudo, desde então, os papas eleitos têm optado por uma cerimônia de "início do pontificado", com a respectiva entronização e o juramento de fidelidade.
No dia 29 de junho, a tiara continua a ser usada na imagem de bronze de São Pedro, na Basílica Vaticana.
O primeiro papa a ser solenemente coroado, depois de sua eleição, foi Nicolau II, em 1059. As primeiras coroações ocorreram na Arquibasílica de São João Latrão. Porém, tradicionalmente, as coroações passaram a ser na Basílica de São Pedro, sendo que algumas ocorreram em Avinhão. Em 1800. Pio VII foi coroado na igreja do mosteiro beneditino de São Jorge, em Veneza. Desde 1823, todas as coroações ocorreram em Roma, sendo que até a metade do século XIX, voltaram a ser realizadas na Arquibasílica de São João Latrão e depois, novamente, em São Pedro. Os papas Leão XIII e Bento XV foram coroados na Capela Sistina. Pio XI foi coroado na frente do altar-mor da basílica vaticana.
Já, os papas Pio IX, Pio XII, João XXIII e Paulo VI foram todos coroados no balcão principal da basílica, para que a multidão da Praça de São Pedro pudesse visualizar a cerimônia. A primeira coroação a ser filmada e transmitida por rádio foi a de Pio X II, que durou seis horas e contou com a presença de diversos reis, príncipes, chefes de Estado.
A primeira parte da cerimônia, provavelmente, vem da época em que os papas eram combatentes ativos da ordem temporal. A cerimônia de coroação papal, tradicionalmente era celebrada, na Basílica de São Pedro, ou nas suas vizinhanças, era muito semelhante às cerimônias medievais de Constantinopla.
O papa era levado, processionalmente, ao local da coroação, paramentado de com estola e rica e ampla capa pluvial, com mitra preciosa na cabeça, sentado na sede gestatória, sob o pálio, seguido por dois ministros que lhe abanavam com os flabelos.Paulo VI foi coroado, estando paramentado como que para a celebração da missa,com a estola, dalmática, casula, fano e o pálio.
De acordo com o Pontifical Romano, o Cardeal Proto-Diácono, retira a mitra do papa e, ao colocar a tiara na sua cabeça, diz: “Accipe tiaram tribus coronis ornatam et scias te esse Patrem Principum et Regum, Pastorem Orbis in terra, Vicarium Salvatoris nostri Iesu Christi, cui est honor in saecula saeculorum, Amen” (Recebei a tiara, ornada de três coroas e sabei que sois Pai de Príncipes e Reis, pastor de toda a terra e Vigário de Jesus Cristo, nosso Salvador, a quem é dada toda honra por todos os séculos dos séculos. Amém).
A seguir, um monge se apresenta por três vezes diante do novo Sumo Pontífice para queimar, a seus pés, uma mecha de estopa e lhe falar: “Sancte Pater, sic transit gloria mundi” (Santo Padre, assim passa a glória do mundo). As primeiras menções a este ritual remontam ao século XIII, nos escritos do dominicano Estevão de Bourbon (Étienne de Bourbon). O padre e cronista Adão de Usk fala também desta cerimônia em seu Chronicon, quando da coroação do Papa Inocêncio VII. O rito da queima da estopa é de inspiração bizantina, numa lembrança que ao Imperador também chega a morte. Na coroação papal lembra ao Soberano Pontífice que ele é um homem e deve-se guardar de todo orgulho e vaidade. Isto também é um resquício da antiga prática romana quando da parada triumfal, um escravo ficavam lado à lado com um general, lhe murmurando “Hominem te esse” ( Tu também és mortal).
Como já dito, a coroação ou a entronização com o juramento de fidelidade, apenas, marcam o início do ministério petrino, tendo valor apenas simbólico e não jurídico. Também há outras cerimônias como a tomada de posse do Palácio e da Arquibasílica de São João Latrão e a proclamação das indulgências. Contudo, há de observar que não houve uma abolição oficial da cerimônia de coroação.
Apesar de ter doado a sua tiara, o Papa Paulo VI, na Constituição Apostólica Romano Pontifici Eligendo, de 1975, manteve o rito da coroação, conforme o texto: “Enfim, o Pontífice será coroado pelo Cardeal proto-Diácono e, dentro de um tempo conveniente, tomará posse da patriarcal Arquibasílica Lateranenese, segundo o rito prescrito.Romano Pontifici Eligendo (1975), 92.
Pela legislação atual, promulgada pelo Papa João Paulo II, na sua Constituição Apostólica Universi Dominici Gregis, de 1996, que reveviu as regras para a eleição do papa, apenas é citada a cerimônia de inauguração do ministério petrino: "O Pontífice, depois da solene cerimônia de inauguração do Pontificado e dentro de um tempo conveniente, tomará posse da patriarcal Arquibasílica Lateranenese, segundo o rito prescrito.Universi Dominici Gregis (1996), No. 92. Portanto, a terminologia é descritiva, não estabelecendo nenhuma regra quanto à forma da Cerimônia.Todavia, um pontífice eleito tem plenos e máximos poderes, não sendo vinculado a nenhum cerimonial feito pos seus predecessores, sendo livre para escolher como será a cerimônia de início de seu pontificado, coroação ou entronização com juramento de fidelidade.
Desconsiderando a tiara de papel maché, a tiara mais leve foi a de João XXIII, de 1959, que pesava 900g., assim como a de Pio XI, de 1922. Já a tiara cônica de Paulo VI pesava 4,5 kg. A mais pesada de todas as tiaras é a que foi doada por Napoleão, em 1804, para festejar seu casamento com Josefina e a sua coroação como Imperador da França. Esta tiara pesa 8,2 Kg., mas nunca mais foi usada, por ter sido feita muito estreita. Alguns historiadores afirmam que foi propositadamente feita assim, para que servisse apenas a Pio VII. Para se ter uma idéia do peso, a coroa de Santo Eduardo, que é a coroa usada pelos monarcas ingleses pesa apenas 2,155 kg.
A rainha Isabel II do Reino Unido, depois de ser coroada, disse que a coroa era um pouco pesada ("does get rather heavy"). Também o rei Jorge V comentou depois do "Delhi Durbar", em 1911, quanto mal a coroa imperial da Índia flhe fizera, porque era muito pesada ("hurt my head as it is rather heavy"). Todavia, estas duas coroa são mais leves que a maior parte das tiaras papais e pesam menos que um terço da tiara de 1804, de Pio VII, Cf. Gyles Brandreth, Philip & Elizabeth (Century, 2004) p.311. e "The Crown Jewels" publicado pela Torre de Londres.
A heráldica define a tiara como a mais nobre, a mais destacada e a primeira dentre todas as coroas. Sempre foi usada como timbre dos brasões papais, segundo alguns, desde Lúcio II . De 1144 a 1294 estaria representada com uma única coroa, a partir de 1301, com duas e, a partir de 1342, com três.
Tanto João Paulo I como João Paulo II mantiveram a tiara como timbre de seus brasões. O Papa Bento XVI, por influência do heraldista Monsenhor Andrea Cordero Lanza de Montezemolo (depois criado cardeal), modificou seu brasão, substituindo a tiara por uma mitra de prata com três traços dourados (numa referência às três coroas da tiara). Esta atitude de Montezemolo gerou crítica em todas as instituições heráldicas do mundo, que dentre as muitas argumentações, a principal evocada é a de que a Heráldica tem leis seculares e fixas. A Sociedade Heráldica Americana chegou a sugerir que Montezemolo utilizasse pelo menos o camelauco no brasão papal. Por outro lado, a inclusão inovada do pálio omofório, no brasão, foi elogiada por muitos especialistas. Ademais às críticas, vale ressaltar que o Sumo Pontífice é quem detém o direito de facto e jure para alterar, como o quis, suas armas heráldicas.
O único lugar onde o Brasão de Bento XVI porta a tiara é nos jardins do Vaticano. A tiara ainda está presente no brasão, na bandeira e no selo da Santa Sé e no brasão da Cidade do Vaticano.
Somente um outro prelado católico pode usar a tiara pontifícia no seu brasão de armas, o Patriarca de Lisboa, título criado em 1716 e atribuído ao arcebispo de Lisboa desde 1740. Para os heraldistas nunca houve confusão entres os brasões, posto que nos brasões papais e da Santa Sé estão sempre presentes as chaves decussadas, de São Pedro. O actual Patriarca de Lisboa, D. José da Cruz Policarpo, optou por não usar a tiara no seu brasão, usando em vez disso o chapéu cardinalício (gallero) com as 30 borlas verdes de cada lado. Nas armas do Patriarcado, porém, a tiara continua a figurar.
Também as universidades e instituições pontifícias usam, em seus brasões, a tiara como timbre. Algumas basílicas também usam a tiara como timbre de sés brasões, enquanto outras usam a Basílica ou Ombrellino (guarda-sol vermelho e amarelo).

Legião de Maria



                       Nome e Origem da Legião de Maria

A Legião de Maria é uma Associação de Católicos que, com a aprovação da Igreja e sob a poderosa chefia de Maria Imaculada, Medianeira de todas as graças, (formosa como a lua, brilhante como o sol e, para Satanás e seus adeptos, terrível como um exército em ordem de batalha), se constituíram em Legião para servir na guerra perpetuamente travada pela Igreja contra o mundo e as potências do mal.
“Toda a vida humana, quer individual quer coletiva, se apresenta como uma luta dramática entre o bem e o mal, entre a luz e as trevas” (GS 13).

Os legionários esperam tornar-se dignos da sua excelsa e celeste Rainha, pela sua lealdade, pelas suas virtudes e pela sua coragem. A Legião de Maria está por isso organizada à maneira de exército, principalmente do exército da antiga Roma, cuja terminologia adotou, se bem que as tropas e armas legionárias não sejam deste mundo.
Este exército, hoje tão numeroso, teve a mais humilde das origens. Não proveio de longas meditações: surgiu espontaneamente, sem premeditação de regras e práticas. Surgiu a idéia. Marcou-se uma tarde para a reunião de um pequeno grupo, cujos componentes dificilmente supunham que estavam a ser instrumentos da Divina e amorosa Proveniência. O aspecto daquela reunião foi idêntico ao das reuniões legionárias que depois viriam a se efetuar em toda a terra. No meio do grupo, sobre uma mesa, com uma toalha branca, erguia-se uma imagem da Imaculada Conceição (igual à da Medalha Milagrosa) ladeada por dois vasos de flores e duas velas acesas. Esta disposição, tão expressiva no seu conjunto, fruto da inspiração de um dos primeiros a chegar, refletia perfeitamente o ideal da Legião de Maria. A Legião é um exército. E, antes mesmo de os legionários se reunirem, ela, a Rainha, já aguardava, de pé, aqueles que certamente atenderiam ao seu chamado. Não foram eles que a adotaram, foi ela que os adotou. E desde então, com ela marcharam e combateram, certos de que haviam de vencer e perseverar, precisamente na medida em que os estivessem unidos a ela.
O primeiro ato coletivo destes legionários foi ajoelhar. Aquelas cabeças jovens e ardentes inclinaram-se. Rezou-se a Invocação e a Oração ao Espírito Santo; e depois, aqueles dedos que, durante o dia, haviam trabalhado arduamente, desfiaram as contas do terço, a mais simples das devoções. Terminadas as orações sentaram-se e, sob a proteção de Maria (representada pela sua imagem), aplicaram-se a procurar os meios de mais agradar a Deus e de O tornar mais amado neste mundo, que lhe pertence. Desta troca de impressões nasceu a Legião de Maria, com a fisionomia que hoje apresenta.
Que maravilha! Quem, considerando a humildade de tais pessoas e a simplicidade do seu procedimento, poderia prever, mesmo num momento de entusiasmo, o destino que em breve as esperava? Quem, dentre elas, poderia imaginar que estava sendo inaugurado um sistema que, sendo dirigido com fidelidade e vigor, possuiria o poder de comunicar, através de Maria, a doçura e a esperança às nações? Entretanto, assim havia de ser.
O primeiro alistamento dos legionários de Maria realizou-se em Myra House, Francis Street, Dublin, Irlanda, as vinte horas do dia sete de setembro de 1921, véspera da festa da Natividade de Nossa Senhora. A organização nascente ficou conhecida no início como “Associação de Nossa Senhora da Misericórdia”, em virtude de o primeiro grupo ter tomado o título de “Senhora de Misericórdia”.
Circunstâncias, aparentemente casuais, determinaram o dia sete de setembro, que parecia menos indicado que o seguinte. Só alguns anos depois – quando provas sem número de um verdadeiro amor maternal, levaram à reflexão – é que se compreendeu que, no ato do nascimento da Legião, esta recebera das mãos da sua Rainha uma enternecedora carícia. “Da tarde e da manhã se fez o primeiro dia” (GN 1,5); e com certeza os primeiros e não os últimos perfumes da festa da sua Natividade eram os mais apropriados aos momentos iniciais de uma organização, cujo principal e constante objetivo em reproduzir em sí própria, a imagem de Maria, de maneira a glorificar melhor o Senhor e a comunicá-lo aos homens. 

                                                                                                                     Finalidade da Legião de Maria

A Legião de Maria tem como fim a glória de Deus, por meio da santificação dos seus membros, pela oração e cooperação ativa, sob a direção da autoridade eclesiástica, na obra de Maria e da Igreja: o esmagamento da cabeça da serpente e a extensão do Reino de Cristo.
A menos que o Concilium aprove, e as reservas apontadas no Manual Oficial da Legião de Maria, a Legião de Maria esta à disposição do Bispo da Diocese e do Pároco para toda e qualquer forma de serviço social e de Ação Católica que estas autoridades julguem conveniente ao legionário e útil à Igreja. Os legionários nunca tomaram sobre si qualquer destas atividades numa Paróquia sem a aprovação do Pároco ou do Ordinário. Por “Ordinário” entende-se o Ordinário local, isto é, o Bispo diocesano ou outra autoridade eclesiástica competente.

a) O fim imediato de tais organizações é o fim apostólico da Igreja, isto é, destinam-se à evangelização e a santificação dos homens e a formação cristã da sua consciência, de modo que possam fazer penetrar o espírito do Evangelho, nas várias comunidades e nos diversos ambientes.
b) Os leigos cooperando ao seu modo com a Hierarquia, contribuem com a sua experiência e assumem a sua responsabilidade no governo destas organizações, no estudo das condições em que a ação pastoras da Igreja se deve exercer e na elaboração e execução dos planos a realizar.

c) Os leigos agem unidos, como um corpo orgânico para, que se manifeste com maior evidência a comunidade da Igreja e para que o apostolado seja mais eficaz.

d) Os leigos, quer se ofereçam espontaneamente quer sejam convidados à ação e à direita colaboração com o apostolado hierárquico, trabalham sob a superior orientação da mesma hierarquia, a qual pode aprovar essa cooperação com um mandato explicito” (AA 20).

                                                                                                                                    O Espírito da Legião

O espírito da Legião é o próprio espírito de Maria, de quem os legionários se esforçarão, de modo particular, por adquirir a profunda humildade, a obediência perfeita, a doçura angélica, a aplicação contínua à oração, a mortificação universal, a pureza perfeita, a paciência heróica, a sabedoria celeste, o amor corajoso e sacrificado a Deus e, acima de tudo, a sua fé, virtude que só ela praticou no mais alto grau, jamais igualado. inspirada nesta fé e neste amor de Maria, a Legião lança-se a toda a tarefa, seja ela qual for, "sem alegar impossibilidades, porque julga que tudo lhe é possível e permitido" (Imitação de Cristo, L. III: 5). 

ALFIE LAMBE, 'el corderito' de Deus

Alfie Lambe nasce em 1932 na Irlanda. Alfie (diminutivo de Alphonsus) é o oitavo filho de uma família de camponeses. Ama o campo, a caça, futebol e a vida ao ar livre. Aos 16 anos convence o pai a deixá-lo entrar para a vida religiosa. “Queria fazer algo por Deus”.
Mas o noviciado em Dublin revela-se difícil para ele. Tímido e diferente dos outros, vive isolado refugiando-se apenas nos livros, todos eles versando sobre Nossa Senhora. Pela sua saúde precária, juntamente os seus problemas de identidade dificultando o relacionamento com outros, é julgado inapto para ser religioso. É reenviado para casa.

A Legião de Maria

Regressado, Alfie vive deprimido pela sua experiência não consequente. Porém, pouco depois, conhece o movimento da Legião de Maria: apostolado humilde e exigente, profundamente mariano, e espírito de fraternidade. Inserido, sente-se rapidamente à vontade, renovado de entusiasmo e generosidade. Em poucas semanas, realiza que encontrou o seu caminho.

América Latina

A Legião está em plena expansão. O exemplo de Edel Quinn, falecida cinco antes em África (1944), galvaniza os seus membros. O fundador, Franck Duff, decide iniciar uma nova missão na América Latina. Envia Seamus Grace, acompanhado por Alfie.
Aterram em Bogotá, capital da Colômbia. Aí começa o apostolado porta a porta, mas também trabalha com jovens raparigas de um colégio reservado à classe alta. Com elas irá evangelizar outras moças caídas na prostituição. Se as primeiras descobrem a precariedade de vida e pobreza espiritual e afectiva de jovens da mesma idade, estas últimas são tocadas pela atenção e preocupação que lhe devolvem dignidade e esperança, a consolação de não se sentirem desprezadas por todos.
Alfie possui um verdadeiro carisma de escuta e de compaixão e percebe que, para servir Deus nos mais humildes, é-lhe preciso esquecer-se de si mesmo.

Confiança em Maria

A Colômbia é apenas o ponto de partida de um longo périplo que o levará da Venezuela ao Perú, da Bolívia ao Paraguai, passando pelo Uruguai e, finalmente, à Argentina. Aprende as línguas locais, manda traduzir um livro com orações, visita leprosarias, prisões, funda novos grupos da Legião, converte livres-pensadores e comunistas notáveis. Alfie é incansável ao ponto de ser chamado de “jovem conquistador”. A sua disponibilidade, espírito de serviço e sorriso maravilham a todos. Modestamente, responde que o sorriso é inato a todos os irlandeses. Quanto ao resto, traçou 3 linhas de conduta: vida orante alimentada pela eucaristia e oração pessoal, abandono confiante na Virgem Maria e obediência incondicional à Igreja.

Todos os que o conheceram dirão dele: “Ele era o que fazia e fazia o que dizia.”

Como Maria, Alfie viveu o seu lema “Eis o servo do Senhor!”

No início de Janeiro de 1959, sente-se cansado e sofrendo náuseas. Descobrem-lhe um tumor no estômago. Seguem-se dez dias de grande sofrimento sem por isso se lamentar nem desanimar. Falece com 28 anos no dia 21 de Janeiro, dia de Stª Inês – que significa cordeiro, tal como o seu apelido de família, Lamb, em inglês.

Em 1987 iniciou-se o processo da causa pela sua beatificação.

Venerável Edel Quinn

EDEL QUINN - 1907-1944

Era em 1937, na Africa. Um sacerdote holandês conduzia de carro uma jovem irlandesa a uma reunião da Legião de Maria, a alguns quilómetros da Missão. Chegaram a um rio. As águas haviam engrossado tanto que a ponte desaparecera. O sacerdote preparava-se para regressar à Missão, quando a jovem Ihe diz: "Avance, Padre, estou certa de que Nossa Senhora nos protegerá!" Embora aterrado, achou que não deveria resistir a tamanha fé. Alguns homens que ali estavam formaram uma cadeia humana para son¬dar as águas e certificar-se de que a ponte ainda existia. Existia, com certeza. O sacerdote meteu o carro à água e lançou-se cegamente na travessia. A água inundou o motor e as velas, mas, com o impeto, o carro avançou, cruzou o rio e subiu a margem do lado oposto. Uma vez em terra, limpou as velas e experimentou a ignição. O carro pegou com tanta felicidade que puderam seguir e chegar a tempo à reunião.
A jovem era Edel Quinn e o incidente um dos tipicos da sua vida. Partira de Dublim em 1936 com o mandato de fundar a Legião na Africa Oriental e Central. As dificuldades foram enormes, mas enfrentou-as com inabalável fé e coragem. Quando os outros hesitavam, respondia invariavelmente: "Porque nao havemos de confiar em Nossa Senhora?" ou "Nossa Senhora cuidará de tudo! "
Durante cerca de oito anos, apesar de a sua saúde se ir degradando francamente, trabalhou nos vastos territórios que Ihe haviam sido confiados. Pelo seu esforço, centenas de Praesidia e numerosos Conselhos Superiores surgiram de forma duradoura. O resultado foi o alistamento de milhares de africanos no trabalho de evangelização confiado à Igreja.
A fonte de toda a actividade de Edel era a sua profunda união com Deus, sustida por uma oração constante. A Eucaristia, centro da sua vida: "Que desolada seria a vida sem, a Eucaristia!", escreveu ela. A sua devoção a Maria caracterizava-se por uma confiança infantil e generosidade sem limites. Disse que jamais recusaria a Nossa Senhora fosse o que fosse que, em seu entender, Ela quisesse. O Rosário de Maria parecia andar sempre nas suas mãos.
Morreu a 12 de Maio de 1944. Em 1957, o Arcebispo de Nairóbi iniciou o processo para a sua beatificação, tendo sido interrogadas muitas testemunhas, a maior parte delas em Africa e na Irlanda. O seu testemunho, publicado pela Santa Sé, revela não só uma extraordinária santidade, mas uma santidade na sua forma mais atraente. As palavras amor, alegria e paz aparecem em quase todos os testemunhos. O Vigário Geral da Mauricia exprimia o que muitos sentem. quando dizia de Edel: "Quero salientar especialmente a sua constante alegria; sorria sempre; nunca se queixava; estava sempre à disposição de todos, jamais regateando o seu tempo."
Pertence à Santa Sé ajuizar da sua heróica santidade. Entretanto, centenas de Bispos escreveram ao Santo Padre, em apoio da sua Causa, acentuando muitos deles, como se compreende, a importância especial da sua beatificação para os jovens do nosso tempo. Como diz um Cardeal espanhol, Edel é "uma imagem da eterna juventude da Igreja". ***
Existe uma Imagem de Nossa Senhora pertencente a Edel. Quando estava a morrer, um sacerdote levantou-a diante dos seus olhos; Edel olhou para ela, sorriu e expirou.
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ORAÇÃO

Eterno Pai, eu Vos agradego a graça que concedestes à Vossa serva Edel Quinn, de se esforçar por viver sempre na alegria da Vossa presença; eu Vos agradeço a irradiante caridade infundida no seu coração pelo Vosso Espirito Santíssimo, e a força que ela hauriu no Pão da Vida, para trabalhar até à morte pela glória do Vosso nome, em amorosa dependência de Maria, a Mãe da Igreja. Confiado, ó Pai Misericordioso, em que a sua vida Vos tenha agradado peço-Vos me concedais, por sua intercessão, o favor especial que agora Vos imploro..., e torneis conhecida por meio de milagres a glória de que ela goza no céu, para que possa ser também glorificada pela Vossa Igreja na terra, por Cristo Nosso Senhor. Amem

Coloca o meu pedido nas mãos de Maria, para quem Edel se voltava em todas as suas necessidades.

Ave-Maria...

Todos os favores atribuídos à intercessão de Edel Quinn deverão ser comunicados a qualquer Conseiho da Legião de Maria ou directemente ao Concilium Legionis Mariae, De Montfort House, North Brunswick Street, Dublin, Ireland.

Se deseja conhecer com maior desenvolvimento a vida encantadora de Edel Quinn e ao rnesrno tempo, de forma agradável, a Legião de Maria, peça EDEL QUINN. à LEGIÃO DE MARIA, Lago de S. Domingos, 57 - Porto.

                                                                                                                        Com apravação eclesiástica

Fundador da "Legião de Maria"

Em 07 de setembro de 1921

Frank Duff nasceu em Dublin - Irlanda, no dia 07 de junho de 1889. Foi o primogênito dos sete filhos que tiveram seus pais, John Duff e Susan Letitia Freehill. Freqüentou a Escola Belvedere, dos Jesuítas e depois o Colégio Blackrock, dos Padres do Espírito Santo, onde revelou-se ótimo estudante e desportista, atingindo altas notas em todos os cursos. Ele conquistou o cobiçado primeiro prêmio de língua gaélica, disputado em Blackrock.
Senso de disciplina, viva inteligência e humor calmo, marcaram Duff como um homem de futuro promissor. Após sua graduação, em 1907, assim como o pai, abraçou o serviço público. Embora absorvido pelo trabalho, praticava a Religião devotamente. Participava da Missa regularmente, visitava diariamente o Santíssimo Sacramento e rezava o Rosário. Aos 25 anos, sentiu forte desejo de compartilhar sua fé com os outros. Foi nessa ocasião que um colega de trabalho o apresentou à Sociedade São Vicente de Paulo, uma sociedade de católicos leigos fundada por Frederico Ozanam, em 1833, sendo composta por diversas unidades distintas, denominadas "Conferências". Ingressou na Conferência de Nossa Senhora do Monte Carmelo, onde iniciou visitando os habitantes dos cortiços de Dublin. Em menos de um ano, já era Secretário até assumir, quatro anos depois, a presidência da Conferência de São Patrício, em Mira House - Dublin.
O esforço agressivo e secular dos protestantes para arrebanhar os irlandeses, tornou-se infeliz na Dublin de Frank Duff. Aqueles militantes, estabeleceram centros de proselitismo nas favelas, onde forneciam refeição aos pobres, nas manhãs de domingo. Em troca de comida e bebida, deveriam participar do culto dos crentes.
Sob a liderança de Joe Gabett, Frank e algumas mulheres organizaram uma cozinha num estábulo abandonado, próximo daquele estabelecimento. Frank andava, para cima e para baixo em frente àquela instituição e induzia a fila de famintos, a ir à cantina de Gabett, onde poderiam fazer a refeição com paz e dignidade.
Como presidente da Conferência de São Patrício, em 1918, Frank realizava reuniões em Myra House, na Paróquia de São Nicolau de Myra. A casa funcionava como um centro social católico, no coração do bairro mais antigo de Dublin. As mulheres ajudavam os Vicentinos, servindo os cafés às crianças pobres nas manhãs de domingo. Mais tarde, as senhoras se juntaram a alguns Vicentinos, e o grupo se reunia nas tardes de domingo para oração e discussão de temas religiosos. A linha acolhida para pôr em prática a devoção à Nossa Senhora foi o “Pequeno Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem”, de São Luís Maria Grignion de Montfort.
Sob o título de Associação de Nossa Senhora da Misericórdia, no dia 07 de setembro de 1921, foi lançada a semente da Legião de Maria. Padre Michael Toher, Vigário de São Nicolau, Frank Duff e quinze moças, reuniram-se em Myra House para definir as diretrizes do grupo e projetos futuros. Uma das moças cobriu a mesa com uma toalha branca, colocando sobre ela a imagem da Imaculada Conceição, com dois vasos de flores e duas velas acesas. Sob inspiração divina, Padre Toher falou brevemente. Cada participante aceitou a incumbência particular de visitas aos pacientes pobres do Hospital da União, que ficava próximo, exatamente como os Vicentinos já faziam aos pacientes masculinos. Prontificaram-se a reunirem-se na semana seguinte para relatarem os resultados. Nesse dia, elegeram a Sra. Elizabeth Kirwan, faxineira de um escritório em Dublin e a mais velha do grupo, como presidente da Associação de Nossa Senhora da Misericórdia. Foi este encontro que marcou a semente e o modelo de centenas de milhares, mesmo milhões de outras reuniões, realizadas em cada continente nas seis décadas seguintes.
Em novembro de 1925, a Associação de Nossa Senhora da Misericórdia tinha estabelecido cinco ou seis grupos em Dublin. Os líderes de cada equipe continuavam se reunindo em Myra House. As mulheres denominavam cada novo grupo com um título da Virgem Santíssima. “A inspiração do movimento era Nossa Senhora”, relembrava Frank Duff. “Então, enquanto cada grupo particular tinha um título da Mãe Santíssima, estávamos procurando um título geral que abrangesse o Movimento total”. Frank recordava que, na noite anterior ao encontro que determinou o novo título, ele estava trabalhando até tarde. “Era bem depois da meia-noite, e eu estava pensando em ir para a cama. Em meu gabinete, estava um belo quadro de Nossa Senhora. Fiquei em frente a ele, olhando-o, e em minha mente, veio a expressão: “Legião de Maria”. Quando a reunião começou, no dia seguinte, ele sugeriu a adoção daquele título. “Para minha consternação”, disse, “o grupo rejeitou”. Finalmente, os delegados, incapazes de encontrar título mais adequado, unanimemente aceitaram o “LEGIÃO DE MARIA” de Frank.
O Termo “Legião” abriu novos horizontes na mente do fundador. Grande admirador das Legiões militares romanas, desde o tempo do Colégio Brackrock, via a Legião de Maria como um exército destinado a estabelecer o Reino de Deus no mundo inteiro. O Exército de Maria usaria a “espada do Espírito”, a Palavra de Deus, para substituir as armas brutais dos soldados romanos.
“Os legionários esperam tornar-se merecedores de Sua excelsa Rainha”, lê-se no manual da Legião, composto, mais tarde, por Frank, “por sua lealdade, suas virtudes, sua coragem”. A Legião é organizada segundo o modelo de um exército, especialmente daquele da antiga Roma, cuja nomenclatura adotou (isto é, o sistema de nomes para descrever a estrutura organizacional da Legião). Pouco depois de a Legião ter iniciado, Frank falou ao pequeno grupo que o Movimento era destinado a cobrir o mundo. “Eles riram de mim”, lembrava-se.
Em 1927, a Legião abriu uma casa para os homens sem lar, na rua Brunswick e chamou-a “Estrela da Manhã”. Este novo trabalho começou a atrair mais homens para as fileiras legionárias. Em abril de 1928, Frank estabeleceu o primeiro Praesidium (célula grupo inicial) da Legião, no além mar, em Glasgow, na Escócia. Pouco depois se instalavam novos em Londres e em Paris. Em novembro de 1931, um grupo de mineiros se reuniam em Raton, Novo México, para iniciar a primeira fundação na América. No ano seguinte, os índios Cowychan do Canadá, fundaram o primeiro Praesidium em sua terra.
Em 1932, o clero e os leigos católicos de todo o mundo se reuniram em Dublin, a fim de participar do Congresso Eucarístico Internacional.
No período inicial, o movimento era visto com reservas até mesmo por setores do clero, e Frank Duff encontrou muitas resistências, apesar da constante expansão do Movimento mariano. Os superiores Jesuítas Irlandeses, desencorajaram seus padres a servirem de diretores espirituais da Legião. Apesar disso Frank nutria um profundo respeito pelos Inacianos, além de saber discernir os limites existentes entre o apostolado leigo e o clero. Os contratempos entre ele e a Igreja de Dublin era um fator que correspondia ao clima da época. A Ordem hierárquica de então, não favorecia muito as iniciativas leigas. Contudo, não tratava-se de um círculo eclesiástico fechado. Se o fosse, Frank não poderia ter feito nenhum progresso. Tanto é assim que, em 1947, já quinhentos e cinqüenta bispos, em todo o mundo, já tinham aceito a Legião em suas dioceses.
A Legião teve seus mártires. Na China, o Movimento espalhou-se como fogo em floresta, depois da Segunda Guerra Mundial. Somente em Shangai, mil Praesidia floresciam. Depois da invasão comunista, a Legião sofreu amarga perseguição. Os comunistas declararam que a estrutura da Legião era quase idêntica à estrutura deles. Os vermelhos declararam-na facista, reacionária, uma recrutadora de proprietários capitalistas, bêbados e prostitutas. Como não bastasse, o governo comunista considerou a Legião como agente do governo americano. Apesar da perseguição, a Legião contribuiu, de maneira considerável, para o fracasso da Associação Patriótica dos Católicos Chineses, ganhando adesão de muitos católicos romanos na China. A Legião pagou seu preço: Três mil Legionários foram condenados à morte.
Após dois anos do início das atividades do Concílio Vaticano II, o Papa Paulo VI convidou Frank Duff para participar como observador Leigo. “O grande ausente” chegou e tomou o seu lugar, naquele setembro de 1965, entre os delegados e observadores do Concílio Vaticano II. Ao notar a presença do “grande ausente”, o Cardeal Heenan, da Grã-Betanha, interrompeu seu discurso para comunicar aos dois mil e quinhentos patriarcas, cardeais, bispos, abades e superiores de ordens religiosas que Frank Duff, o gênio dirigente da Legião de Maria, se tornara finalmente um participante do Concílio. O Cardeal Leo Suenens, da Bélgica, relembrava que os delegados do Concílio cumprimentaram Duff “com uma calorosa e emocionante ovação. Foi um momento inesquecível”. Muitos haviam questionado porque Duff, líder de um dos maiores e mais efetivos movimentos leigos da Igreja, não fora convidado, junto com outros observadores leigos, em 1963. O modesto Duff, tranqüilamente sentado, aceitou a honra concedida, não para si, mas para centenas de apóstolos leigos que ele representava. O aplauso foi duramente conquistado – bem como cada êxito que havia experimentado.
Depois do Concílio Vaticano II, Frank reagiu vigorosamente às tentativas de alguns elementos da Igreja, que tentaram rebaixar o papel de Maria no esforço missionário. Muitos apontaram o Concílio Vaticano II como iniciador dessa tendência. “O Concílio Vaticano II elevou, para novas alturas, a relação de Maria na Igreja”, declara ele em “A Mulher no Gênesis”, uma série de ensaios escritos depois do Concílio. Citando o oitavo capítulo da Constituição da Igreja (Lumem Gentium) que explica integralmente o papel de Maria, ele escreveu: “Maria é inseparável da Igreja. Você não pode eliminá-La e, ao mesmo tempo, deixar a Igreja intacta. Cessaria de ser Igreja Católica”.
Em maio de 1978, o Papa João Paulo II convidou-o para uma visita pessoal ao Vaticano. Participando da Santa Missa do Pontífice, em seu apartamento, tomou café com ele depois. Ao partir, levava a certeza de que a Legião tinha o apoio, sem limites, do Santo Padre. Nesta época, a saúde de Frank Duff estava comprometida e declinava rapidamente.
Sozinho, na “Casa de Montfort”, passava seu tempo em estudo e orações, mas sempre mantendo contato com as instituições beneficentes, bem como os escritórios centrais da Legião, ali perto. No dia 07 de setembro de 1980, ele disse à legionária Nellie Jessup, que não iria almoçar na “Regina Coeli”, como de costume, mas estaria ali, para o chá das cinco. Não apareceu. A senhora Nellie foi à “Casa de Montfort” e encontrou o grande e valoroso lutador em sua cama, braços cruzados, olhos abertos, fixando a estátua do Sagrado Coração, na parede. Frank Duff, a quem muitos haviam descrito como “um dos grandes católicos do século XX”, tinha ido receber seu prêmio na Eternidade.

O incenso nos Rituais Católicos

O incenso é uma resina gomosa que brota na forma de gotas da árvore Boswellia Carteri, arbusto que cresce espontaneamente na Ásia e na África. Durante o tempo de calor e seca (nos meses de fevereiro e março) são feitas incisões sobre o tronco e ramos, dos quais brota continuamente a resina, que se solidifica lentamente com o ar. A primeira exudação para nada serve e é, pois, eliminada; a segunda é considerada como material deteriorável; a terceira, pois, é a que produz o incenso bom e verdadeiro, do qual são selecionadas três variedades, uma de cor âmbar, uma clara e a outra branca.
NA ANTIGÜIDADE: Era uso antigo espalhar resina e ervas aromáticas sobre carvões acesos para purificar o ar e afastar o perigo de infecções. Num primeiro momento, a fumaça tinha um valor catártico (de purificação, de relaxamento) e também apotropaico (o de afastar ou destruir as influências maléficas provenientes de pessoas, coisas, animais, acontecimentos). O uso desta resina perfumada não era exclusivo do culto religioso. O incenso não era queimado somente nos templos, mas também nas casas; as incensações exalavam perfume e, ao mesmo tempo, tinham um fim higiênico. O incenso foi sempre considerado como algo muito precioso. Era utilizado em todas as cerimônias e funções propiciatórias, porém, era sobretudo queimado diante de imagens divinas nos ritos religiosos de muitos povos e, ao se sublimarem as concepções religiosas, as espirais de incenso, em quase todos os cultos, converteram-se em símbolo da oração do homem que sobe até Deus. No culto aos mortos, a fumaça que subia para o alto, era considerada como uma forma de atingir o além e, ao mesmo tempo servia para afastar o odor proveniente da decomposição, uma necessidade premente nos países de clima mais quente. O incenso era também utilizado como expressão de honra para os imperadores, o rei e as pessoas notáveis.
NAS SAGRADAS ESCRITURAS: Conta-se na Bíblia que a Rainha de Sabá chegou a visitar Jerusalém e o Rei Salomão, levando-lhe, entre outros presentes, uma quantidade extraordinária do mais precioso incenso que, naquela época, era vendido num centro de comércio muito importante. De fato, ao longo da história do incenso prosperam povos e reinos míticos, como se lê na Bíblia, no Alcorão e no Livro etíope dos reis. O incenso fazia parte da composição aromática sagrada destinada unicamente a Deus (Ex 30,34) e se transformou em símbolo de adoração. Em linhas gerais é símbolo de culto prestado a Deus e de adoração: Ouçam-me, filhos santos...Como incenso exalem bom odor Si 39,14). A oferenda do incenso e a oração são intercambiáveis, ambos são sacrifícios apresentados a Deus, como diz o salmo 141, que proclama: Suba até vós minha oração, como o perfume do incenso. E é com estas palavras que, na Igreja Oriental, o celebrante ora durante as Vésperas e Laudes matutinas dos dias de festa espalhando em torno de si o perfume do incenso. Com a oferta do incenso os magos do Oriente adoraram o menino Jesus como o recém-nascido Salvador do Mundo (Mt. 2,11). No último livro do Antigo Testamento, o Apocalipse, João vê vinte e quatro anciãos que estavam diante do Cordeiro de Deus, com arpas e taças de ouro cheias de incenso: São as orações dos santos (Ap 8,3-4).
ENTRE OS CRISTÃOS: Os cristãos não utilizaram o incenso na liturgia desde o início porque queriam se distinguir, o mais claramente possível, do paganismo. Extinto o paganismo, o rito do incenso encontrou logo seu lugar na liturgia cristã. A partir do Século IV, a tradição cristã adotou o incenso em seus rituais de consagração e ainda hoje o queima para honrar o altar, as relíquias, os objetos sagrados, os sacerdotes e os próprios fiéis, e para propiciar a subida ao céu das almas dos falecidos no momento das Exéquias. Primeiramente foram colocados turíbulos na igreja do Santo Sepulcro, em Jerusalém, e em seguida também nas grandes basílicas do Ocidente, junto aos altares e diante dos túmulos dos mártires. Graças à benção propiciada pelo incenso antes de seu uso, ele chega a ser um sacramental (sinal sagrado, que possui certa semelhança com os sacramentos e do qual se obtém efeitos espirituais). Desde o século IX, instaurou-se o uso do incenso no início da Missa e desde o século XI o altar se transformou no centro da incensação.O turíbulo era também levado na procissão junto com o evangeliário. Em seguida, a incensação estendeu-se às oferendas do pão e do vinho, que são incensadas três vezes em forma de cruz, da mesma maneira como se procede com o altar e a comunidade litúrgica. Desta forma, nasceu a tríplice incensação durante a Missa, praticada também hoje de maneira regular no Oriente e, entre nós, somente nas festas solenes. O incenso deve envolver toda uma atmosfera sagrada de oração que, como uma nuvem perfumada, sobe até Deus. O agitar do turíbulo em forma de cruz recorda principalmente a morte de Cristo e seu movimento em forma de círculo revela a intenção de envolver os dons sagrados e de consagrá-los a Deus. O incenso é muito utilizado na liturgia fúnebre. Os falecidos permanecem como membros da Igreja, já santificados pelos sacramentos. Portanto, seu corpo morto é honrado com o incenso, como as santas mulheres, na manhã de Páscoa, queriam honrar o corpo de Jesus, ungindo-o com óleos preciosos. Na reforma litúrgica, depois do Concílio, em muitos lugares renunciou-se ao símbolo tradicional do incenso, da mesma forma como ocorreu com outros símbolos mais antigos. Na consagração solene de um altar, depois da unção da mesa, queima-se incenso e outros aromas sobre os cinco pontos do altar. O bispo interpreta esse gesto com as palavras: ?Suba até vós, Senhor, o incenso de nossa oração; e como o perfume se espalha por este templo, assim possa tua Igreja expandir para o mundo o suave perfume de Cristo.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

O Significado da Palavra Vaticano

De acordo com a Enciclopedia Católica online:

"O território entre a margem direita do rio Tibre entre Monte Mario e Gianicolo (Janiculum) era conhecido na antiguidade como o "Ager Vaticanus" e, propriamente, por seu caráter pantanoso, a parte mais baixa desse distrito era conhecida por ter uma reputação sujeita a doenças. A origem do nome Vaticano é incerta, alguns entendem que o nome vem de uma desaparecida cidade Etrusca chamada Vaticum" ( Ager em latim significa terra ou região).

Procurando pela palavra vaticanus e sua variações no dicionário latino português de Geraldo de Ulhoa Cintra e José Cretela Junior, e outros dicionários Latim-português você facilmente encontrara que as palavras vatic - vates - vatis, todas elas estão relacionadas com o sentido de Profecia, como você podera acompanhar abaixo. A Cidade do Vaticano e a Basílica de São Pedro da Igreja Católica Romana foram construídas nos montes do Vaticano ou nas colinas do Vaticano.

VATES, VATIS = profeta, profetiza

VATICANUS, A, UM = pertencente ao monte Vaticano

VATICANUS, I = Vaticano, Deus dos Romanos, que presidia a primeira fala dos meninos

VATICINAN, ANTIS = advinha, profetiza, que prediz o futuro.

VATICINATIO, ONIS = vaticinio, profecia, predição

VATICINIUM, II = vaticínio, prognostico,predição, oráculo

VATICINOR = (verbo) predizer, adivinhar

VATICINUS,A,UM = pertencer a profecia

Note que há sete palavras acima contendo o prefixo VATIC e todas elas estão relacionadas com profecias, a palavra vatic e suas associações com profecia é um fato que pode ser observado até no dicionário AURÉLIO da língua portuguesa

Temos como exemplos as palavras: vaticinação, vaticinador, vaticinante, vaticinar, vaticínio.

Outro detalhe interessante pode ser encontrado no dicionário latino - português.

ANUS, US. f. = mulher velha

ANUS,A,UM =(adj.suf) usado como sufixo em muito nomes, tais como:

URBANUS = da cidade

ROMANUS = de Roma

Vaticanus surge então como a combinação de VATIC+ANUS , assim como Romanus é a combinação de Roma+anus portanto, colinas do Vaticano significa COLINAS DA PROFECIA, a palavra Vaticano é um aportuguesamento da palavra Vaticanus.

De onde vem a palavra Vaticano e o que ela significa?

Procure no dicionário palavras derivadas do latim VATES, e verificará que elas tem uma significação relativa a "conhecimento do futuro". O nome Vaticano é dado ao lado oeste do rio Tibre em Roma por causa dos adivinhos que diariamente ficavam enfileirados apregoando os seus serviços aos passantes na rua, isto ocorria no décimo quarto século quando o Papado retornou para Roma, voltando do período em que a Igreja Católica teve sua sede na cidade de Avignon ( França), atualmente o Vaticano tornou-se a residencia dos Papas, e a palavra passou a referir-se ao enclave em Roma que se tornou a a residência dos Papas e a séde administrativa da Igreja Católica Romana..

procure em ingles Incredible Book of Vatican Facts and Papal Curiosities, by Nino Lo Bello, Liguori Publications, Copyright 1998, ISBN 0-7648-0171-6, page 135.

Veja-se aqui um versículo encontrado na " Vulgata" (Tradução da Bíblia em latim) e como está traduzido na Versão João Ferreira de Almeida ( Edição contemporanea e outras):

Neh 6:12 et intellexi quod Deus non misisset eum sed quasi vaticinans locutus esset ad me et Tobia et Sanaballat conduxissent eum

Neh 6:12 Então percebi que não era Deus quem o enviara, mas que ele tinha profetizado contra mim porque Tobias e Sambalate o haviam subornado

( os destaques em negrito são nossos)

Agora observem as moedas emitidas na cidade do Vaticano. As moedas contem a inscrição em Italiano "CITTÁ DEL VATICANO", que nos acabamos de demonstrar, significa CIDADE DA PROFECIA.


Papa Pio XII - 1958

Papa João XXIII - 1959

Cittá del Vaticano - Cidade da Profecia

Papa Paulo VI - 1963


Para ver em close a moeda click sobre ela.

Apocalipse 17:18 E a mulher que viste é a grande cidade que reina sobre os reis da terra..

Há também uma mulher no outro lado da moeda, e a seus pés o título FIDES que significa FÉ. Esta mulher é um símbolo da fé Católica Romana, ou seja A Igreja Católica.

A esquerda temos uma estatua com o mesmo simbolismo da Fé Católica Romana, esta estatua decora o monumento ao Papa Clemente IX (1667 -1669) e foi colocada na Basílica de Santa Maria Maggiore em Roma em 1671.
É interessante que o sufixo anus em latim também significa"mulher velha" , logo Vaticanus é uma combinação de duas palavras que resultam em A VELHA MULHER DA PROFECIA, essa mulher tornou-se o símbolo da Igreja Católica..