"A Fé é um salto do escuro para os braços de Deus. Quem não salta, não vê a Deus, não é abraçado, fica apenas no escuro." (Desconhecido)

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

O Báculo ou Pastoral

O báculo pastoral, como já recordado pela mitra, é emblema da dignidade pontifícia. O báculo pastoral, originalmente, se compunha por uma haste de madeira ou de ferro, fixada numa cruz; no século XI o bastão vem munido de um caracol (anelado dobrado), ocasião em que se começaram a usar metais preciosos, de prata e ouro, adornando-o com pedras preciosa e esmaltes. Originalmente, o báculo pastoral servia como bastão para as evangelizações, enviadas pela Igreja; no século V se encontra em uso por alguns abades e Santo Isidoro de Sevilha, em 633, em um decreto do IV Sinodo Toledano, o descreve como emblema da jurisdição dos bispos.
Interessante é observar que os Sumos Pontífices não portam o báculo pastoral como insígnia papal: o motivo refere-se a uma lei do século X, reportada por São Tomás de Aquino, segundo a qual o bispo de Roma não tem o báculo pastoral porque Pedro enviou o seu para ressucitar um dos seus discípulos. Isto para significar que o seu poder não tem confinamento, já que o anelado dobrado significa uma limitação dos poderes.
Recordemos, por outro lado, que os cardeais, também, quando não eram consagrados bispos, tinham o uso legítimo do báculo pastoral e da mitra; o mesmo privilégio é reconhecido aos abades e aos prelados “nullius” do art. 325 do Código de Direito Canônico de 1917 e os outros abades que tinham recebido a benção abade, por seu turno, no art. 625 do mesmo Código.
O báculo pastoral em uso dos bispos, segundo as antigas normas do Cerimonial deles, deveria ser dourado, enquanto aquele dos abades prateados e munido do “sudário”, pequeno vestido de seda branca que se pendurava no nó, colocado sobre o anelado, para não consentir à mão esquerda a impugnação diretamente do pastoral, enquanto os abades não tinham o direito de usar as luvas, autorizadas, por outro lado, apenas aos bispos.
Báculo do século XVIII (finais). Tesouro da Catedral de Beja.
Goffredo di Crollalanza (Enciclopedia araldico-cavalleresca - Prontuario nobiliare, Pisa 1878.), afirma que na heráldica o báculo pastoral é posto acima do escudo dos diversos eclesiásticos descritos da seguinte forma:
Abades seculares: com o báculo pastoral do lado de dentro;
Abades regulares: com o báculo pastoral à esquerda, lado de dentro para demonstrar que não tem jurisdição espiritual fora dos quiosques deles;
Abades comendatários: com o báculo pastoral à esquerda do lado de dentro;
Bispos: com o báculo pastoral à esquerda do lado de fora;
Arcebispos: com o báculo pastoral à esquerda do lado de fora.
O Regulamento técnico heráldico da Consulta do Reino da Itália, aprovado com R. D. n. 234 de 13 de abril de 1905, no art. 68 determina que os Eclesiásticos podem usar o emblema tradicional da dignidade deles; segue uma nota explicativa de Antonio Manno, comissário do rei para a Consulta, que recorda a posição do báculo pastoral indica a jurisdição e olha para fora para os prelados seculares, enquanto é voltado internamente para os regulares.
O Báculo Oriental é diverso do ocidental: não é curvado em caracol na extremidade superior, mas termina com duas serpentes que se afrontam (alusão à prudência com que o pastor deve guiar o seu rebanho) e no meio delas é posto uma cruz, mas não sempre.
Piero Guelfi Camajani (Dizionario araldico, Milano 1940.) falando do pastoral, afirma que se põe o escudo na haste ou acoplado dentro. Quando o báculo pastoral é posto dentro do escudo indica dignidade eclesiástica, se é posto na haste acoplado dentro do escudo, por outro lado, o grau da figura dos prelados. E continua observando que o bispo porta o báculo pastoral de outro acoplado na haste esquerda do escudo. O arcebispo, a cruz dupla ou patriarcal dita também de Lorena, folheada a ouro na haste dentro do escudo. O cardeal, a cruz latina folheada a ouro na parte de cima, o papa, a cruz tripla. O abade secular, o abade regular e a abadessa portam o báculo pastoral de prata acoplado na haste direta do escudo; o Prior e a Priora, finalmente, o bastão similar ao bordão na haste dentro do escudo.
A Enciclopédia Católica, descrevendo o báculo pastoral, anota que é de ouro para a Ordem dos Bispos, posto à esquerda da cruz e do lado de fora, de prata na mesma posição para os abades em geral e abades “nullius” diocesanos; lado interno para os abades que tinham jurisdição no próprio monastério; inclinado à esquerda para os outros.
O báculo pastoral, segundo alguns autores, é o símbolo da Fé, de quem o Bispo é interprete; a forma, terminante a anelado aberto, simbolizava a potência celeste aberta sobre a terra, a comunicação dos bens divinos e o poder de criar e recriar os exercícios; por outros, a curvatura do lado do povo é o símbolo da cura pastoral; até a direita, o símbolo da guia e da administração parada e na ponta inferior do estímulo e da correção ou , ainda, a haste direita para reger e governar com retidão o rebanho; colocada encima por trazer para si as ovelhinhas que se afastam, colocado na ponta para manejar os lobos, ou seja, os inimigos da Igreja. No antigo “Pontifical Romano” o profundo simbolismo do báculo pastoral vem, de fato, assim expresso: convocando o pobre que peregrina pelo mundo, com resguardo do anelado dobrado; dá vida ao pecador, resguardada a haste ou bastão; diligencia o lento, o preguiçoso e o negligente, resguardando a ponta inferior. É, por conseqüência, símbolo de uma autoridade de origem divina.

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